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sábado, 11 de novembro de 2006

BICHINHO

Como vimos na edição passada, estou há dois dias sem dormir, é época de Copa do Mundo e estou sendo levado de carona pelo meu entrevistado Edalmo, de Tiradentes para o Bichinho. A distância é de poucos quilômetros.

No caminho conversamos sobre a beleza natural da paisagem.

Chegando ao Bichinho passamos pelo Museu do Carro Antigo, que somente dias depois descobri pertencer a um amigo meu. Paramos em frente a loja onde está trabalhando outro amigo: Alexandre (Alex Condera), que há meses eu não via. Depois de rápida conversa, clientes na loja, Edalmo me leva a conhecer melhor esta cidadezinha. Aproveito para filmar a cruz em frente a Igreja principal. Faço este ‘take’ com a câmera na mão mesmo. A cruz é cheia de símbolos estranhos: serrote, flores, caveira, laços, etc. e fica bem recortada diante do azul do entardecer. À porta da Igreja um pequeno aglomerado de pessoas.

Rumo para lá com a câmera, afinal o filme fala disso: pessoas e lugares. Passo filmando por entre o grupo, entro na Igreja e percebo a mancada. Era um velório. Saí rápido. Mais um fora para a coleção. Voltamos para a loja do Alexandre e combinamos que vou dormir na casa dele para fazer novas filmagens no Bichinho na manhã seguinte. Mas a manhã seguinte custou a chegar: é inverno, é Bichinho, passa riacho atrás da casa, é um frio filho da p..., o chão está gelado, as paredes, eu. Tudo é gelo. Na sala, ligo a TV, me sento no sofá e, embrulhado pelos cobertores, espero o sol antes que eu vire um cineasta picolé. E este foi o meu 3º dia sem dormir.

Amanhece, o Alexandre sai do quarto dele como se o frio não tivesse acontecido e vai trabalhar. Eu pego minha tralha e vou filmar, com medo de cair duro e preto na estrada com a cabeça em cima do primeiro tufo de grama achando que aquilo é um travesseiro. Mas no meio da estradinha de terra eu avisto a cena do dia: uma menina (a da foto) vindo de longe empurrando um carrinho de obra com várias bonecas dentro. Me fez pensar na realidade brasileira, nas tristezas e na pureza da infância. Em um segundo já estou filmando.

A menina cujo nome não sei, bem poderia ser o símbolo deste filme.

O destino que transporta pessoas. Esta cena já valeu tudo.

Na volta, o delírio do sono me fez perder as chaves da casa do Alexandre, depois achei, perdi o ônibus pra Tiradentes mas voltei para lá de carona.

No próximo capítulo: o retorno à Tiradentes, novas entrevistas, Mateus Nachtergaele, e Lancaster Trio – o melhor show de blues do mundo!

Nos vemos de novo em Tiradentes.

Até lá.

1 comentários:

Anônimo dezembro 17, 2006 12:25 PM  

Pai, o blog está sensacional, e a foto da menina com o carrinho cheio de bonecas, idem! Digna de um prêmio.
Gostei deveras da idéia.
Beijos.

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