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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Denúncia em Aiuruoca

Aiuruoca urgente!

Diferente da maioria dos documentários que denunciam questões sociais, criminalidade, etc., este meu documentário é totalmente leve e pretende falar mais intimamente dos sonhos e desejos que movem as pessoas a mudarem de cidade.

Porém, no primeiro dia de filmagem em Aiuruoca me deparei com a seguinte situação:
Meus entrevistados, Francisco e Arminda, ele com 86 anos e ela com 79, após toda uma vida de trabalho e de procura do lugar ideal para viver, agora, depois de 16 anos morando em um verdadeiro paraíso com cachoeira na porta de casa, com um restaurante montado, com criação e plantação, serão obrigados a abandonar este lugar, que é mais que um lugar, é um projeto de vida.

Tudo porque a Cemig vai construir na região uma barragem para geração de energia elétrica, e em plena época de preservação ambiental ‘que se dane a natureza’ e principalmente ‘que se dane a natureza humana’ e também ‘que se dane o turismo local’ que vai perder um delicioso restaurante de frente para a cachoeira.

Voltei semanas depois para ver como eles estavam. É claro que não estavam bem.
Esta é a época em que vivemos. Consumo e conforto para uns, barragem e desterro para outros.

Faltava este assunto no filme. Não para comover as pessoas, mas para deixá-lo ainda mais próximo da realidade.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Viva São João - Del Rey

À bordo do ônibus circular pergunto para o trocador se falta muito para chegarmos ao Centro Histórico, mas ele não sabe. Como não sabe? Ele trabalha em um ônibus que todo dia passa por este lugar e que não é um lugar qualquer ... São João Del Rey é a capital cultural de 2007 e ele não sabe?! Esse amadorismo nos mínimos (e máximos) detalhes é que me enlouquece.
Viram que eu estava nervoso, né?
Mas foi aí que as coisas legais começaram a acontecer: ouvindo a minha conversa com o trocador, um homem que está no ônibus com um filhinha de colo diz que vai descer no Centro Histórico (pois ele mora lá) e que no ponto certo ele nos avisa. Nos avisa porque não estou sozinho.

Levo comigo a minha assistente para esta viagem: Laurinha, minha filha mais velha. E não demora muito ele nos dá o sinal. Descemos todos: eu, Laura, o morador do Centro Histórico e a filhinha dele de colo. Andamos alguns metros e ale me diz que ‘São João está violenta, Todo dia morre alguém. Mas só traficante. Luta entre rivais’. Menos mal, né? Pelo menos eles se matam entre si. Ah, se toda cidade violenta fosse assim.

Na entrada principal do Centro o pai do tal morador aparece todo feliz e, assim, nosso ‘guia’ improvisado fica por ali mesmo. Seguimos andando a esmo, entramos em uma igreja e damos de cara com a estátua (da foto) de Jesus deitado e me vem a pergunta: Por Que Você Veio Morar Aqui? Achei a imagem significativa e logo improvisei a câmera em cima do banco da igreja e mandei brasa. Enquanto isso minha assistente do dia saía ensandecida pela igreja a fotografar tudo, inclusive ela própria.

Saindo da igreja somos parados por um velhinho que sem perguntarmos vai logo falando da sua saúde e da sua idade e que o túmulo do Tancredo Neves está bem próximo dali, para ser mais exato é só olharmos para a nossa direita e vemos a porta do cemitério. Declinei do convite. Cemitério tô fora e nunca passo na mesma calçada de carro funerário e nunca me convidem para um velório, nem ao meu, porque eu não vou.

Andamos sem rumo pela cidade sendo levados pelos paralelepípedos e pelas coisas interessantes que se revelam para a minha filmadora: num fragmento, mulher na janela. Noutro instante, pessoas descendo a ladeira. Na última parada, o belo take de uma rua larga cercada de prédios em estilos italiano e francês do séc. XVIII com o céu manchado por detrás. Valeu. Voltamos correndo pra rodoviária para pegar outro bus para Tiradentes.

Passamos uma hora e meia em São João e o que foi filmado lá vai ocupar aproximadamente 18 segundos dentro do documentário. É a magia do cinema.

Outro take que merece destaque foi quando já saíamos de Tiradentes, de dentro do ônibus em movimento filmei pessoas que lá fora fugiam da chuva enquanto as gotas insistiam em escorrer pelo vidro da janela.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

NO ASFALTO


Ninguém começa um filme sabendo exatamente como ele terminará. Ainda mais no caso de um documentário. As idéias e as situações vão surgindo. A filmagem que escolhi para a Coluna de hoje aconteceu há poucos meses atrás, em Caxambu. Vamos lá.

O plano do dia é:
1. Filmar um carrinho de controle remoto andando em pleno asfalto, como se fosse um carro de verdade;
2. Captar o deslocamento de um grupo de formigas carregando algumas folhas. Tudo é movimento e tem a ver com o filme.

Cena 1: Eu na câmera, Rafael controlando o trânsito, Gracy e Mariah controlando o carrinho. As funções foram se alternando, assim como o sol na nossa cabeça, e gravamos o carrinho (uma Ferrari vermelha) subindo a ladeira. Apareceu também por ali a Bruna para dar uma força, espontaneamente. Gravamos o carrinho infinitas vezes. Até que um carro (de verdade) com pessoas (de verdade) parou atrás de mim. Do carro desceu um rapaz que eu conheço só de vista, apavorado, achando que eu estava passando mal ou morrendo ... Explico: Eu estava sentado de pernas abertas e olhando para baixo bem no meio da rua. O rapaz nem viu a câmera entre as minhas pernas, não viu a Ferrari de controle remoto e nem a minha equipe. Só pensou em me ‘socorrer’. Depois de falar comigo é que ele percebeu o que realmente estava acontecendo. Eu falei que tava tudo bem e só estava filmando e agradeci a atenção dele. Daí em diante, sempre que passamos um pelo outro, nos cumprimentamos. Bacana as pessoas que diante das situações se mexem para ajudar os outros. Mesmo quando o perigo é imaginário.

Depois disso ainda filmei um grupo de crianças de uma escola que por acaso passava por ali naquele momento. Todas de uniforme sentadas na beira da calçada como se estivessem posando para uma fotografia. Sensacional.

Em seguida eu e minha destemida equipe fomos para o Parque fazer a cena 2 (formigas). E ainda conseguimos registrar um grupo de gansos ou patos ao por do sol.

Ganhei o dia: Todo o material filmado foi ótimo e o espírito de solidariedade melhor ainda.
Beleza.

Quem quiser colaborar ou apoiar o filme, e-mail para paulo-leao@ig.com.br

Próximo capítulo: Paraty, ou São João Del Rey ou Rio das Ostras.
Nos vemos lá.

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