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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Viva São João - Del Rey

À bordo do ônibus circular pergunto para o trocador se falta muito para chegarmos ao Centro Histórico, mas ele não sabe. Como não sabe? Ele trabalha em um ônibus que todo dia passa por este lugar e que não é um lugar qualquer ... São João Del Rey é a capital cultural de 2007 e ele não sabe?! Esse amadorismo nos mínimos (e máximos) detalhes é que me enlouquece.
Viram que eu estava nervoso, né?
Mas foi aí que as coisas legais começaram a acontecer: ouvindo a minha conversa com o trocador, um homem que está no ônibus com um filhinha de colo diz que vai descer no Centro Histórico (pois ele mora lá) e que no ponto certo ele nos avisa. Nos avisa porque não estou sozinho.

Levo comigo a minha assistente para esta viagem: Laurinha, minha filha mais velha. E não demora muito ele nos dá o sinal. Descemos todos: eu, Laura, o morador do Centro Histórico e a filhinha dele de colo. Andamos alguns metros e ale me diz que ‘São João está violenta, Todo dia morre alguém. Mas só traficante. Luta entre rivais’. Menos mal, né? Pelo menos eles se matam entre si. Ah, se toda cidade violenta fosse assim.

Na entrada principal do Centro o pai do tal morador aparece todo feliz e, assim, nosso ‘guia’ improvisado fica por ali mesmo. Seguimos andando a esmo, entramos em uma igreja e damos de cara com a estátua (da foto) de Jesus deitado e me vem a pergunta: Por Que Você Veio Morar Aqui? Achei a imagem significativa e logo improvisei a câmera em cima do banco da igreja e mandei brasa. Enquanto isso minha assistente do dia saía ensandecida pela igreja a fotografar tudo, inclusive ela própria.

Saindo da igreja somos parados por um velhinho que sem perguntarmos vai logo falando da sua saúde e da sua idade e que o túmulo do Tancredo Neves está bem próximo dali, para ser mais exato é só olharmos para a nossa direita e vemos a porta do cemitério. Declinei do convite. Cemitério tô fora e nunca passo na mesma calçada de carro funerário e nunca me convidem para um velório, nem ao meu, porque eu não vou.

Andamos sem rumo pela cidade sendo levados pelos paralelepípedos e pelas coisas interessantes que se revelam para a minha filmadora: num fragmento, mulher na janela. Noutro instante, pessoas descendo a ladeira. Na última parada, o belo take de uma rua larga cercada de prédios em estilos italiano e francês do séc. XVIII com o céu manchado por detrás. Valeu. Voltamos correndo pra rodoviária para pegar outro bus para Tiradentes.

Passamos uma hora e meia em São João e o que foi filmado lá vai ocupar aproximadamente 18 segundos dentro do documentário. É a magia do cinema.

Outro take que merece destaque foi quando já saíamos de Tiradentes, de dentro do ônibus em movimento filmei pessoas que lá fora fugiam da chuva enquanto as gotas insistiam em escorrer pelo vidro da janela.

sábado, 11 de novembro de 2006

TIRADENTES (Copa do Mundo de 2006)


Acordo às 5 da manhã. Ou seja: nem dormi. (Quem se deita todos os dias depois das 3 da manhã sabe do que estou falando).

Pego o ônibus na maltratada e descascada rodoviária de Caxambu. Poucas horas depois desembarco em São João Del Rei. O frio é tão grande que penso em voltar para o conforto e calor da minha cama. Mas como estou em plena temporada de filmagem sigo em frente. Almoço em São João servido por uma garçonete oferecida.

Pego outro ônibus e logo chegou ao meu destino: Tiradentes.

A cidade é simplesmente incrível. Preservada, bem cuidada, com um verdadeiro turismo nacional e internacional (aliás, turismo é isso, em qualquer parte do mundo, menos em Caxambu). Lá sou recebido por duas irmãs, Janaina e Nariel (ou Anariel, até hoje não descobri), que rapidamente me ‘colocam’ em uma pousada, onde descarrego meus equipamentos. Então vamos almoçar com o pai delas, o Edalmo, que será o meu primeiro entrevistado naquela cidade. Durante o almoço e a conversa, já sinto que a participação dele será ótima: ele tem um raciocínio rápido e lógico, com um forte conteúdo espiritual. Vejam que não estou falando de uma conversa superficial e esotérica. O Edalmo é uma rara pessoa com profunda visão humanista, com percepção da bondade e das forças invisíveis que movem o universo. Acaba o almoço e marcamos os detalhes para a filmagem no dia seguinte. Com o resto do dia livre ando pelos inúmeros recantos maravilhosos de Tiradentes: comércio, igrejas, restaurantes, lugares bonitos (isso é o que não falta), etc. Volto à noite para a pousada, banho, etc.

Checo o equipamento. Recarrego as baterias do celular e da filmadora. O frio é insuportável. Tento dormir. Isso mesmo, tento. Mas não consigo, ou seja: é a 2ª noite que não durmo. De manhã a dona da pousada, Clarice (guardem bem este nome), me pergunta toda feliz se eu dormi bem e eu muito sincero digo que não. Tomo o café da manhã, pego minhas coisas e vou para a filmagem. Chego na casa do Edalmo, monto o tripé, câmera, pedestal com microfone, ajusto enquadramento, foco, luz, etc. e pela primeira vez o entrevistado vê que a coisa é séria mesmo. Tudo ligado, eu faço a primeira pergunta: - Por que você veio morar aqui?

Outras perguntas se sucederam com respostas interessantes e pouco comuns.

Eu estava certo, esta seria uma ótima entrevista e um ponto alto no filme.

Vocês notaram que nesta situação eu estava sem a minha equipe, aliás, eu não tinha equipe. Agora minha equipe já está enorme: 4. Isso mesmo, 4 almas bondosas, sendo eu mesmo uma delas. Falarei sobre os integrantes brevemente. Mas em compensação a minha lista de agradecimentos já está gigantesca.

Terminada a filmagem Edalmo me dá uma carona até o Bichinho, que fica ao lado de Tiradentes, para as filmagens do dia seguinte.

Mas bem, o dia seguinte eu conto na próxima edição.

Por enquanto só posso adiantar uma coisa: naquele momento a minha maior preocupação era conseguir dormir depois de dois dias acordado.

Nos vemos no Bichinho, até lá.

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