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terça-feira, 21 de agosto de 2007

Bicos

Não. Não é o nome de uma cidade.
É bico mesmo, de trabalho temporário.
Entre uma filmagem e outra do documentário, fiz dois trabalhos bem mal remunerados, que apesar disso sempre ajudam  de  uma  maneira  ou        
                                                    de outra a eu concluir o meu filme.

1º Bico: Fazer em dois dias um mini-clipe da cantora Tainã Falcão para ela se candidatar a nova cantora da banda do Faustão. ‘Mais do que nunca, ôh louco, meu, tanto no pessoal quanto no profissional’.
O resultado foi bem legal considerando-se o prazo curtíssimo e que virei uma noite inteira acordado editando o material.
Ela não foi selecionada, mas na certa deve ter vendido alguns shows com o clipe. Só depois fui descobrir que o diretor do programa do Faustão é o Marcio Trigo, um velho amigo meu, fizemos vários trabalhos juntos. Quem sabe ele não poderia dar uma força extra? Acho que não. Concurso, ainda mais em televisão, é uma coisa delicada.

2° Bico: Fotos para uma produção de moda para as duas adolescentes Camila e Mariah (das fotos acima). Roupas, piercings, óculos, cabelos, olhares e bocas, meia arrastão, vestidos diversos. Muito engraçado. Em uma tarde de domingo. Sempre às tardes porque só acordo depois das 10 e porque à tarde a luz é mais bonita. O resultado também ficou bem legal.

Conclusão: não perder de vista o objetivo final, mas também apreciar a paisagem durante o percurso. Outra possível e óbvia conclusão seria: fazer filme sem grana é foda ... mas eu acabo este filme ou este filme acaba comigo.

Amiguinhos, até a próxima!

Viva São João - Del Rey

À bordo do ônibus circular pergunto para o trocador se falta muito para chegarmos ao Centro Histórico, mas ele não sabe. Como não sabe? Ele trabalha em um ônibus que todo dia passa por este lugar e que não é um lugar qualquer ... São João Del Rey é a capital cultural de 2007 e ele não sabe?! Esse amadorismo nos mínimos (e máximos) detalhes é que me enlouquece.
Viram que eu estava nervoso, né?
Mas foi aí que as coisas legais começaram a acontecer: ouvindo a minha conversa com o trocador, um homem que está no ônibus com um filhinha de colo diz que vai descer no Centro Histórico (pois ele mora lá) e que no ponto certo ele nos avisa. Nos avisa porque não estou sozinho.

Levo comigo a minha assistente para esta viagem: Laurinha, minha filha mais velha. E não demora muito ele nos dá o sinal. Descemos todos: eu, Laura, o morador do Centro Histórico e a filhinha dele de colo. Andamos alguns metros e ale me diz que ‘São João está violenta, Todo dia morre alguém. Mas só traficante. Luta entre rivais’. Menos mal, né? Pelo menos eles se matam entre si. Ah, se toda cidade violenta fosse assim.

Na entrada principal do Centro o pai do tal morador aparece todo feliz e, assim, nosso ‘guia’ improvisado fica por ali mesmo. Seguimos andando a esmo, entramos em uma igreja e damos de cara com a estátua (da foto) de Jesus deitado e me vem a pergunta: Por Que Você Veio Morar Aqui? Achei a imagem significativa e logo improvisei a câmera em cima do banco da igreja e mandei brasa. Enquanto isso minha assistente do dia saía ensandecida pela igreja a fotografar tudo, inclusive ela própria.

Saindo da igreja somos parados por um velhinho que sem perguntarmos vai logo falando da sua saúde e da sua idade e que o túmulo do Tancredo Neves está bem próximo dali, para ser mais exato é só olharmos para a nossa direita e vemos a porta do cemitério. Declinei do convite. Cemitério tô fora e nunca passo na mesma calçada de carro funerário e nunca me convidem para um velório, nem ao meu, porque eu não vou.

Andamos sem rumo pela cidade sendo levados pelos paralelepípedos e pelas coisas interessantes que se revelam para a minha filmadora: num fragmento, mulher na janela. Noutro instante, pessoas descendo a ladeira. Na última parada, o belo take de uma rua larga cercada de prédios em estilos italiano e francês do séc. XVIII com o céu manchado por detrás. Valeu. Voltamos correndo pra rodoviária para pegar outro bus para Tiradentes.

Passamos uma hora e meia em São João e o que foi filmado lá vai ocupar aproximadamente 18 segundos dentro do documentário. É a magia do cinema.

Outro take que merece destaque foi quando já saíamos de Tiradentes, de dentro do ônibus em movimento filmei pessoas que lá fora fugiam da chuva enquanto as gotas insistiam em escorrer pelo vidro da janela.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

NO ASFALTO


Ninguém começa um filme sabendo exatamente como ele terminará. Ainda mais no caso de um documentário. As idéias e as situações vão surgindo. A filmagem que escolhi para a Coluna de hoje aconteceu há poucos meses atrás, em Caxambu. Vamos lá.

O plano do dia é:
1. Filmar um carrinho de controle remoto andando em pleno asfalto, como se fosse um carro de verdade;
2. Captar o deslocamento de um grupo de formigas carregando algumas folhas. Tudo é movimento e tem a ver com o filme.

Cena 1: Eu na câmera, Rafael controlando o trânsito, Gracy e Mariah controlando o carrinho. As funções foram se alternando, assim como o sol na nossa cabeça, e gravamos o carrinho (uma Ferrari vermelha) subindo a ladeira. Apareceu também por ali a Bruna para dar uma força, espontaneamente. Gravamos o carrinho infinitas vezes. Até que um carro (de verdade) com pessoas (de verdade) parou atrás de mim. Do carro desceu um rapaz que eu conheço só de vista, apavorado, achando que eu estava passando mal ou morrendo ... Explico: Eu estava sentado de pernas abertas e olhando para baixo bem no meio da rua. O rapaz nem viu a câmera entre as minhas pernas, não viu a Ferrari de controle remoto e nem a minha equipe. Só pensou em me ‘socorrer’. Depois de falar comigo é que ele percebeu o que realmente estava acontecendo. Eu falei que tava tudo bem e só estava filmando e agradeci a atenção dele. Daí em diante, sempre que passamos um pelo outro, nos cumprimentamos. Bacana as pessoas que diante das situações se mexem para ajudar os outros. Mesmo quando o perigo é imaginário.

Depois disso ainda filmei um grupo de crianças de uma escola que por acaso passava por ali naquele momento. Todas de uniforme sentadas na beira da calçada como se estivessem posando para uma fotografia. Sensacional.

Em seguida eu e minha destemida equipe fomos para o Parque fazer a cena 2 (formigas). E ainda conseguimos registrar um grupo de gansos ou patos ao por do sol.

Ganhei o dia: Todo o material filmado foi ótimo e o espírito de solidariedade melhor ainda.
Beleza.

Quem quiser colaborar ou apoiar o filme, e-mail para paulo-leao@ig.com.br

Próximo capítulo: Paraty, ou São João Del Rey ou Rio das Ostras.
Nos vemos lá.

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