Denúncia em Aiuruoca

Diferente da maioria dos documentários que denunciam questões sociais, criminalidade, etc., este meu documentário é totalmente leve e pretende falar mais intimamente dos sonhos e desejos que movem as pessoas a mudarem de cidade.
Porém, no primeiro dia de filmagem em Aiuruoca me deparei com a seguinte situação:
Meus entrevistados, Francisco e Arminda, ele com 86 anos e ela com 79, após toda uma vida de trabalho e de procura do lugar ideal para viver, agora, depois de 16 anos morando em um verdadeiro paraíso com cachoeira na porta de casa, com um restaurante montado, com criação e plantação, serão obrigados a abandonar este lugar, que é mais que um lugar, é um projeto de vida.
Tudo porque a Cemig vai construir na região uma barragem para geração de energia elétrica, e em plena época de preservação ambiental ‘que se dane a natureza’ e principalmente ‘que se dane a natureza humana’ e também ‘que se dane o turismo local’ que vai perder um delicioso restaurante de frente para a cachoeira.
Voltei semanas depois para ver como eles estavam. É claro que não estavam bem.
Esta é a época em que vivemos. Consumo e conforto para uns, barragem e desterro para outros.
Faltava este assunto no filme. Não para comover as pessoas, mas para deixá-lo ainda mais próximo da realidade.