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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Vida Como Ela É


Hoje falarei de uma entrevista realizada para o nosso documentário, em 2007, no Parque das Águas de Caxambu.
Eu estava filmando a entrevista da Gracy (Lindinha) quando surgiu um rapaz meio apavorado perguntando o que era aquela filmagem e logo me veio a notícia de que ele queria ser entrevistado pois tinha uma interessante história de vida para contar. Sinceramente eu já estava cansado, trabalhando a tarde toda sem parar, o sol ia começar a cair e a luz ia ficar ruim, etc, etc.
Mas como estava difícil encontrar pessoas querendo falar de suas vidas espontaneamente, para um filme que ninguém sabia se ia ser mostrado em algum lugar (com certeza na Globo é que não iria. Aliás, por que é que quando a gente liga uma câmera na rua sempre aparece alguém perguntando se é pra Globo?), acabei aceitando.
Tivemos que correr para o único lado do Parque aonde ainda havia alguma luz natural.
Coloco o rapaz sentado na grama, em frente a uma árvore secular.
Arrumo o tripé com uma das 'pernas' quebrada, encaixo a câmera, peço pra Gracy ajudar não deixando niguém interromper perguntando 'se é pra Globo', Rafael se esconde atrás de outra árvore segurando o microfone e lá vamos nós!
Inicio com a pergunta clássica deste filme: Por que você veio morar aqui?
Jefferson começou a falar, falar, e notei que a câmera não estava filmando!...
Começamos tudo de novo. E eu pensei: isso vai ficar uma bosta.
Mas aí aconteceu de novo aquele milagre.
Aquele momento em que as coisas fluem e dão certo.
Eu já conhecia o Jefferson de vista.
Mas ali, naquele momento, ele era outro. Já revestido da magia do cinema.
Ele era um novo personagem do meu filme. Fui me empolgando com cada frase, cada olhar, cada nuance de voz. Eu que trabalhei muito como ator e já dirigi atores, sempre fico impressionado com a riqueza da realidade supra artística que acontece em uma entrevista de documentário. Aqui nada é ensaiado, nada é combinado e o resultado é excelente.
Fico feliz pensando no espectador que vai se entreter com a entrevista.
Fico feliz também por perceber que consigo tirar das pessoas histórias às vezes muito pessoais e atitudes verdadeiras e naturais, e me sinto presenteado com essa troca de confiança. E isso aconteceu várias vezes neste filme. Thanks God!
É uma mistura de arte com o acaso.
A naturalidade da vida se desenrolando, com o privilégio de estar sendo registrada.
Quatro pessoas num fim de tarde compartilhando aquele momento.
O resultado é uma bela de uma entrevista e uma bela de uma história.

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